PANFLETARIUM
UMA ESPÉCIE DE PORTUGAL
Sou a terra do mar impune: a extirpação do negro cósmico
e o adormecimento mágico da lava nos seus estertores seculares.
Sou a extremidade fértil da imensidão plana do tempo, a genitalidade larvar
que faz o belo das flores e o canto surdo das filosofias do irracional.
Mais que o Ocidente sou a Terra do Oriente Distante,
da luz aberta às viagens longínquas,
a terra de passagem como o desejo de um porto,
de um reduto intensamente íntimo e avesso à claridade.
Sou a ilusão do movimento ascencional do mundo
e o cérebro telúrico que pensa a complexidade das sombras,
a ordem da deriva dos solos
e todas as catastróficas violações de todas as ordens.
Sou a arquitectura dos jardins desfeitos.
O amor à degradação depois do êxtase (…)